Mudam-se os tempos, mas mudam-se as vontades?

Na República da Guiné Bissau têm-se vivido tempos calmos, mas de indefinição. O PAIGC ganhou as eleições com uma maioria mais que absoluta, mas o Supremo Tribunal de Justiça suspendeu os resultados, devido à análise de queixas de fraude. O novo primeiro ministro, Carlos Gomes (Cadogo), foi eleito, mas não tem recursos humanos para formar governo e tem a declarada oposição do Presidente da República. Este foi alvo de uma tentativa de assassinato, que alguns apelidam de farsa e outros de demonstração de instabilidade e fraca autoridade política.

Seja como for, debaixo da calma aparente e da sensação de que a vida continua normalmente, sente-se uma tensão no ar, consequência desta indefinição. Nas estradas os controlos são feitos por militares e não apenas por polícias e as noites estão menos movimentadas. Fui a Bafatá no Sábado passado assistir a uma formação de Gestão e Administração Escolar e senti muito isto.

A formação correu muito bem, com os directores a participarem muito activamente. São directores de escolas primárias comunitárias, algumas não mais do que barracas debaixo de mangueiras (pé de mango). Estas escola são criadas e sustentadas pelas próprias comunidades. O professor é normalmente um "filho da tabanca" e lecciona frequentemente no sistema biclasse (duas classes ao mesmo tempo). A comunidade cria um comité de gestão com funções de gestão escolar. É a este nível que estamos a dar formação. Nestas escolas o governo só entra na parte de dar autorização para que a escola funcione, de resto as comunidades estão pelos seus meios.
Em Canchungo é diferente. Trabalhamos sobretudo com escolas públicas de iniciativa comunitária. Estas foram construídas por uma associação ou local ou de migrantes guineenses na diáspora, que depois as deu ao governo. O governo tem a reponsabilidade de colocar os professores (embora possam ser sugeridos pelas associações) e pagar parte dos seus salários (as associações pagam o resto).
Fiz estas descrições para responder aos comentários que têm feito, pedindo que eu fale mais concretamente do trabalho que fazemos.

Eu faço o acompanhamento pedagógico dos técnicos formadores da FEC no terreno e preparo material de apoio para a formação. Além disto, estamos a entrar em tempo de preparação de candidaturas, o que exige todo um outro tipo de trabalho.

Recentemente contratámos mais 1 técnico para Bafatá, um guineense com uma cabeça e espírito óptimos. Ele está cheio de vontade de trabalhar e nós de o ver na função.

Para descansar a família passo uma ÓPTIMA notícia. Abriu em Bissau uma nova clínica, aberta 24 horas por dia com equipamentos para fazer exames (até ultra-sonografia) e um bom pessoal médico. Vou lá espreitar para a semana, ver para crer. É a Clínica A-Bar Bissau Medical Center. Chique, não acham?

Tirei estas fotografias no sábado antes das eleições. A do senhor na mota foi na rua principal de Bissau e a outra é especialmente para o meu primo Filipe Avillez. Até aqui há uma Associação das Mulheres de Bragança! E vendem sumos naturais. Não perguntei se tinham relação com o duque, mas da próxima não falha. Esta tirei numa feira de produtos naturais em Quinhamel.

Este fim de semana vamo-nos dedicar a mudanças, para tentar meter aquilo que veio no contentor dentro do nosso T0. Depois conto as peripécias.

Aproxima-se o Natal - aqui sentimos pouco, por não darmos pelas estações a passar - e não posso deixar de vos fazer publicidade dos Presentes Solidários da FEC. É só clicar no link presentes de Natal para saberem tudo.